Construir ou destruir? Não sei. Ambos os conceitos me agradam mas, ultimamente, andam a assombrar-me. Não cheguei a conclusão definitiva mas vou desafiar-me e colocar, por escrito, o que é apenas estudo e pesquisa. Assim, pode ser que a forma como o meu corpo segura estes conceitos se torne mais clara e, pode até ser, que eu passe para outras dúvidas e largue esta que já anda a assumir um carácter obsessivo. Porém, sei da minha necessidade em mergulhar por inteiro nas minhas pesquisas e só sair para respirar quando elas andam perto do esclarecimento. Com o compromisso de escrever no blog vou alterar o método que tenho utilizado até hoje, o que não deixa de ser interessante, mas também é novo e o que é novo é assustador (apenas para alguns, eu sei).
Vou começar por aqui mesmo - pela necessidade do que é novo. Aqueles que não receiam o novo e procuram-no avidamente ou, parece que o novo vem habitualmente ao seu encontro, e avançam sem impedimentos. O corpo aberto. O corpo que se lança e não conhece timidez, dúvida ou vergonha. O corpo que depois de sentir o novo continua a avançar e não permanece. Que vontade há num corpo que avança num movimento contínuo, que pára por instantes mas que, ao primeiro gatilho, recomeça a marcha (ou corrida)? Esse é o corpo que destrói. O corpo destruído? Se esse corpo parasse aguentaria o impacto de "estar" ou rebentavam convulsões pelo corpo afora? O corpo descontrolado. Eventualmente essas convulsões teriam um fim, se o corpo se permitisse ficar nelas.
Há o corpo que constrói. Há corpos verdadeiramente sólidos e estáveis. Olhados de qualquer ângulo vemos o lugar dos pés e da cabeça, as extremidades. Pés que não receiam pisar o chão e cabeça que, naturalmente, procura o céu. Corpos visíveis. Quando olho para esses corpos sinto que essa pessoa se conhece, sabe quem é, conhece o caminho para casa. Construção. Nessas pessoas os seus corpos são como casas. São corpos habitados.
A arquitectura de um corpo que se permite estar vivo. Deve haver necessidade de construir bem como de destruir, mas talvez seja interessante que as duas coabitem no corpo. O que saber deitar abaixo e quando? É para deixar cair? É para deixar que isso habite a minha coxa, o meu joelho ou o meu estômago? Tenho brincado com Legos para observar quais são os meus impulsos: deitar abaixo (quando? - naquele momento, depois de amanhã ou ai! não consigo porque custa-me que isto deixe de existir); construir (com que tipo de neurose? agrupo por cores?); planifico e depois construo; não planifico e permito-me construir e modificar ao longo do tempo de construção.
Acho que cada vez sei menos mas sinto que a cada dia conheço mais de mim. Faz sentido?